My favourite Bond


Sim, já sei o que estão a pensar... Roger Moore!, como é possível, por amor de Sir Ian Fleming?!
Em primeiro lugar, toda a gente sabe que as opiniões são como as bond-girls: cada um tem a sua.
Mas explico: o franchise Bond é dos laços mais profundos que tenho com o meu pai. Entendemo-nos quanto à paixão por Bond e pelo Benfica. Bem, e ambos concordamos que as mulheres são - e sempre serão - um mistério irresolúvel.
Vi com o meu "velho" (expressão que jamais usaria oralmente) todos os filmes de James Bond, inclusive os outcast "Casino Royale", com David Niven, e "Never Say Never", interessante esforço de um Sean Connery entre o quase-careca e as perucas que começaria a usar nos anos 90 - mesmo assim macho-sedutor-suficiente para levar as donzelas Kim Basinger e Barbara Carrera para o vale dos lençóis. Estes filmes bondianos escaparam à produção broccoliana, mas não deixam de ser bonds, caraças, e com alguns belos motivos de interesse (o segundo, nomeadamente, que é talvez o único filme de toda a série que nos revela um agente vulnerável e envelhecido).
Mas, quer eu quer o meu pai, embora reconheçamos o talento maior de Sean Connery, achamos o seguinte:

a) George Lazenby é o maior canastrão da história do cinema;
b) Timothy Dalton é o maior erro de casting da história da cinema;
c) Pierce Brosnan é o maior sedutor da história do cinema
mas
d) Roger Moore é o maior!

Moore, como Bond, tal como "The Saint", pode ser tudo isso que dizem dele em lúgubres bares frequentados por cinema-freaks: canastrão, ligeiro, dançarino, peneirento, vazio, mas
(e há sempre um MAS)
é um adorável canastrão e "James Bond", a personagem, uma das mais saudáveis personagens canastronas jamais criadas para a tela. Que outra coisa se pode dizer de um homem invencível, rei das one-liners, sempre elegante e penteado mesmo que o Enola Gay lhe tenha acabado de aterrar em cima, e que faz o Casanova parecer um puto andrógino dos Onda Choc?

James Bond é divertimento, fantasia de menino, utopia adolescente, a men's man, e outras coisas sobre as quais poderia perorar longamente se porventura fosse o Gabriel Alves do cinema. E a verdade (pelo menos a minha) é que nenhum actor percebeu tão bem esse regresso à infância - provocado pela personagem de Ian Fleming - como Roger Moore.
Note-se que vi todos os seus filmes como Bond na adolescência e, para um puto que só gostava de jogar à bola e ao berlinde (e em ambos era mau), enquanto desesperava por uma actuação das Doce ou um mergulho na piscina da Sabrina para descobrir as utilidades do sexo oposto, Roger Moore era, de facto, o maior. Ele tinha a pinta de um cowboy que nunca viu um índio mas, por isso mesmo, passava pelo écran como se a maior dificuldade da vida fosse encontrar o chapéu de abas largas certo. Para o Bond de Moore, não havia necessidade da atitude macho, quase misógina, de Connery; não havia tempo para as intensidades shakespereanas de Dalton, para os esgares de Lazenby ou para os apartes semi-obscenos de Brosnan.
Roger Moore, mesmo no seu último "Alvo em Movimento" (BSO dos Duran Duran) foi o único Bond que não cresceu. E o único, aparentemente, que amava a sua profissão. Para Roger Moore, ser espião era uma brincadeira. OO7 não era coisa para levar a sério e os tiros, os vilões e as mulheres eram apenas casas de passagem obrigatória num gigantesco monopólio. Ele brincava. E eu, puto, teria gostado tanto de ser convidado para a brincadeira.

Nota: as meninas da imagem cresceram e mudaram de profissão. A da esquerda possui hoje um notório cabeleireiro em Campolide e a segunda é a já mítica referência do Melancómico, a célebre Dona Bina.

LFB

Comentários

Sávio Christi disse…
1ª coisa: James Bond é um herói vindo de livros, não algo criado para o Cinema! Segundo muitos dos profundos conhecedores do material original de Ian Fleming (o criador), George Lazenby e Timothy Dalton foram os 007s mais fiéis aos livros! Tenho certeza que, nem metade dos críticos de Cinema já leu qualquer livro de 007!

2ª coisa: Pierce Brosnan foi considerado melhor do que Moore por muitos fãs! Mas, há quem admita que, nenhum dos 5 atores (6 com Daniel Craig) esteve ruim! Até parece que, Martin Campbell (diretor de A Marca do Zorro, que depois assumiu as direções de GoldenEye e 007 - Cassino Royale) ia deixar Brosnan se estrepar no papel! E mais: este ator fez muito sucesso na TV, com o seriado Remington Steele!

3ª coisa: o filme Nunca Mais Outra Vez (BR) / Nunca Digas Nunca (PT) se chama Never Say Never Again e não Never Say Never!

No mais, valeu pelo post!
Anónimo disse…
Olá.

Dizer que o Timothy Dalton é um erro de casting não é de todo um acto de inteligência. Tão pouco de sinceridade, mas os melhores juízos são feitos pela História.

Um abraço,

M
Sávio Christi disse…
Bom, o problema do Lazenby é que ele era inexperiente como ator; mas também pegou o filme mais pesado e com o diretor mais relaxado.

Já o Moore começou até bem; depois foi prejudicado pelos roteiros com cenas hilárias nos filmes do meio; depois no fim ele já estava velho demais.

Quanto ao Dalton, o primeiro desempenho dele nem há o que se criticar; mas depois os roteiristas estiveram com crises de idéias; também os produtores tentaram moldar o agente de acordo com a crise da AIDS na época.

E o Brosnan por sua vez, foi após o Connery, o que menos foi malhado pelos fãs e crítica; mas seus dois últimos filmes também foram os mais mentirosos e irreais; segundo os próprios roteiros.

Em relação ao Craig (não-citado neste artigo), sei que ele tem uma porção de inadequações para o papel; mas ele é bombado e fez uma ótima dramatização; não é verdade?

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