proposta para a vida real

Num ano mau para a comédia no cinema, há um filme em cartaz que, não sendo, de todo, a pedrada no charco, sempre reanima o cinéfilo e permite-lhe, por um pouco, desligar-se das máquinas. Wedding Crashers (título original com mais leituras que a tradução portuguesa - Os Fura-Casamentos) parte de uma boa ideia original, tem bons gags a toda a sua extensão, alicerça-se na prestação e química - inesperada - entre a sua dupla de protagonistas (excelentes Owen Wilson e, sobretudo, Vince Vaughn).
Já se escreveu e lastimou que o humor frenético inicial descanbasse, depois, na velocidade pacata da comédia romântica, mas sabe-se bem dessa inevitabilidade. Para mais, mesmo nesse estilo batido e pouco amado pela crítica, não vai nada mal. A verdadeira nota medíocre vai para o texto e perfil da personagem do vilão (o odioso - e aqui a palavra deve ser lida como um elogio ao trabalho do actor - Bradley Cooper): inverosímil de mau, rasteiro, desumano, desprezível, sem consequência, com informações dadas à plateia apenas para que esta o deteste.
Regressando às notas positivas: como vem devidamente destacado no cartaz, Wedding Crashers tem ainda Christopher Walken, o super-secundário da indústria e um daqueles raros rostos tão credíveis que, se agora aterrasse em solo luso e se dirigisse à nação dizendo que tudo ia de vento em popa, todos, sem pestanejar, acreditaríamos.
Nota final para a memorável sucessão de espécimes do género feminino conquistada por Wilson e Vaughn, fazendo pairar a dúvida sobre por que terão decido parar quando (e onde) pararam.
Alexandre Borges

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