O fim e a saída
Acho que já aqui escrevemos sobre isto mas não tenho paciência agora para ir procurar. Refiro-me aos momentos do cinema, que já não sendo, perduram e a ele se associam se modo decisivo.
Primeiro os créditos finais. Para além da discussão, profundamente filosófica, sobre se os créditos finais ainda são cinema (penso que os apologistas do sim levam vantagem) a verdade é que podemos aprender muito sobre a alma humana olhando as reacções dos convivas durante esses momentos. Há os que se levantam mal o genérico final surge, há os que ficam sentados claramente à espera da banda sonora final; há os que está tão azamboados que ficam sentados por não se conseguirem levantar (ou fazer outra coisa qualquer); há os que estão dentro do filme, aqueles para quem a magia do cinema, vindo da infância, nunca desapareceu; há os que estão aos beijos, claro. Sociologia em movimento.
Mas o meu momento preferido é o da saída da sala. Como lidamos com esse momento. Há os que não podem esperar nem mais um minuto para começar a falar do filme, perguntar opiniões. Eu, talvez porque vou muito ao cinema sozinho, gosto de deixá-lo respirar, assim me deixando também a mim respirar. Às vezes a porrada foi tanta que não há outra solução senão recuperar o fôlego e a anima. Claro que é bom ter depois o confronto, a comparação, a discussão. Mas há um momento, mais curto ou mais longo, quando abandonamos uma sala de cinema, aquela escuridão que concentrava o filme, em que é difícil estar fora de nós. O cinema tomou-nos e se o fez é muito difícil abandoná-lo logo, ele perdura uns instantes, como um torpor, em que o cérebro e o restante corpo se habituam ao que as últimas horas trouxeram de novo. Mesmo que só aos poucos - semanas, meses, às vezes anos - se compreenda todo o seu alcance. Enfim, fui ver o Juventude em Marcha ontem: era normal que pensasse nisto mais uma vez.
DM
Primeiro os créditos finais. Para além da discussão, profundamente filosófica, sobre se os créditos finais ainda são cinema (penso que os apologistas do sim levam vantagem) a verdade é que podemos aprender muito sobre a alma humana olhando as reacções dos convivas durante esses momentos. Há os que se levantam mal o genérico final surge, há os que ficam sentados claramente à espera da banda sonora final; há os que está tão azamboados que ficam sentados por não se conseguirem levantar (ou fazer outra coisa qualquer); há os que estão dentro do filme, aqueles para quem a magia do cinema, vindo da infância, nunca desapareceu; há os que estão aos beijos, claro. Sociologia em movimento.
Mas o meu momento preferido é o da saída da sala. Como lidamos com esse momento. Há os que não podem esperar nem mais um minuto para começar a falar do filme, perguntar opiniões. Eu, talvez porque vou muito ao cinema sozinho, gosto de deixá-lo respirar, assim me deixando também a mim respirar. Às vezes a porrada foi tanta que não há outra solução senão recuperar o fôlego e a anima. Claro que é bom ter depois o confronto, a comparação, a discussão. Mas há um momento, mais curto ou mais longo, quando abandonamos uma sala de cinema, aquela escuridão que concentrava o filme, em que é difícil estar fora de nós. O cinema tomou-nos e se o fez é muito difícil abandoná-lo logo, ele perdura uns instantes, como um torpor, em que o cérebro e o restante corpo se habituam ao que as últimas horas trouxeram de novo. Mesmo que só aos poucos - semanas, meses, às vezes anos - se compreenda todo o seu alcance. Enfim, fui ver o Juventude em Marcha ontem: era normal que pensasse nisto mais uma vez.
DM
Comentários
Até posso ter os comentários dentro da minha cabeça, mas nunca os consigo verbalizar. Se me perguntam o que achei, só me saem uns tímidos "Gostei... gostei muito..." ou "Foi mais ou menos...".
Só no dia seguinte consigo escrever ou dizer seja o que for...
Imagino que não....é uma ideia estúpida, mas fazível!
ana