Três sinopses possíveis para levar os mineiros do Chile ao cinema
Versão blockbuster
“33 Homens E Um Destino”
Chile, 2010. O Presidente está em queda nas sondagens. De repente, uma tábua de salvação: 33 homens ficam soterrados numa mina. Poderiam ser retirados em poucos dias, mas o pérfido Presidente mantém-nos soterrados. Finge desdobrar-se em esforços enquanto os alimenta por uma palhinha. 69 dias depois, vai salvá-los pessoalmente. O povo ajoelha-se a seus pés. No último momento, o derradeiro mineiro topa as intenções do Presidente, traça-lhe a perna e manda-o lá para baixo. Urra. Vitória. O mineiro é eleito Presidente.
Versão romance
“A Vida, O Amor E As Minas”
Chile, 2010. 35 homens ficam soterrados numa mina. Enquanto estão lá em baixo, sem luz nem mantimentos, Ortega e Octávio descobrem o amor. Os outros 33 não suportam tanta pieguice e imploram para que alguém os tire de lá. Após 69 dias, são salvos. Octávio e Ortega optam por ficar porque acham que o mundo não compreenderá o seu amor. Pedem aos 33 que não contem a ninguém e estes respondem, antes de se meterem na cápsula, que não falariam sobre isso nem que lhes pagassem.
Versão intelectual
“A Mina”
Chile, 2010. 33 homens ficam soterrados numa mina. 69 dias depois, são resgatados. Cada um vai à sua vida. Todos pensam muito nos dias que passaram lá em baixo. Vão trabalhar e pensam nisso. Vão ao supermercado e pensam nisso. Fazem amor com a mulher e pensam nisso. Fazem amor com a amante e pensam nisso. Um dia, um deles repara que ontem não pensou nisso. No fim, há um plano muito bonito da antiga mina e dos hotéis e lojas de souvenirs que, entretanto, cresceram em volta.
AB
i, 2010.10.23
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