Match Point

- Paixão. Tentação. Obsessão. As taglines de "Match Point" são palavras que raramente passam pelo último filme de Woody Allen. O realizador troca Nova Iorque por Londres, deixa-se completamente de fora - física e "espiritualmente" - da trama e o resultado é uma fita claramente menor na sua filmografia, com um bom princípio, um bom final e muito pouco pelo meio. Mais um menos como um jogo de ténis.

- Jonathan Rhys-Meyers, o protagonista, não é propriamente o actor mais convincente do mundo. Para um filme de Woody Allen, exige-se mais do que olhos de carneiro mal morto e trejeitos de lábios a passarem por intensidade contida.

- Um filme de Woody Allen sem piadas não é um filme de Woody Allen. A única vem da boca de uma personagem mais que secundária e passa quase despercebida, sobre um casal cuja felicidade vem do facto de possuirem neuroses compatíveis. Não chega, pelo menos para mim.

- «Os inocentes são por vezes sacrificados por uma causa maior. Você (a aparição da vizinha morta de Scarlett Johansson) foi um dano colateral». Foi Woody Allen que escreveu isto?

- Peço desculpa, mas não me entra a transformação súbita de Scarlet Johansson de mulher fatal em dona de casa desesperada.

- "As Faces de Harry" já data de 1997. Posso pedir um grande Woody Allen em 2007, se faz favor?

Paulo Narigão Reis

Comentários

Anónimo disse…
«Os inocentes são por vezes sacrificados por uma causa maior. Você (a aparição da vizinha morta de Scarlett Johansson) foi um dano colateral» Não, não foi Woody Allen.Foi Dostoievsky, em "Crime e Castigo" E toda essa cena, centra-se na consciência e na culpa de um acto. Numa alusão clara ao "Crime e Castigo".

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