vai pedir àquela estrela


O VOO DO BALÃO VERMELHO

Realização: Hou Hsiao-Hsien

Com: Juliette Binoche, Simon Iteanu, Song Fang

Nem toda a gente aceitará esta ideia, mas o cinema não é, necessariamente, a arte de contar uma história – Lynch que o diga. A amplitude de possibilidades ao dispor de um realizador virtuoso permite-lhe dirigir-se directamente ao coração do público, sem passar pelo verbo ou, pelo menos, não lhe ligar grande importância. Contar a história de “O Voo Do Balão Vermelho” seria como tentar explicar a narrativa de um Picasso ou de um Bach. Há acontecimentos que estão lá para sentir e não para trocar numa casa de câmbio de palavras. A vitória de Hsiao-Hsien está na beleza de um balão vermelho que nos faz desprezar os planos em que não aparece. Um balão vermelho mais belo e desejável que Juliette Binoche. Um balão humano por cuja vida tememos quando cruza, perigosamente, os carris. E um balão-anjo que paira sobre o pequeno Simon. Paris, Binoche e a infância, pela primeira vez, filmadas sem recurso a um único grande plano.


Veja também: “Três Tempos”, de Hsiao-Hsien. Oiça também: Keith Jarrett. Leia também: “Uma Cana De Pesca Para O Meu Avô”, Gao Xingjian.

 AB

i, 2009.06.10

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