filhos de um woody menor


VICKY CRISTINA BARCELONA

Realização: Woody Allen

Com: Rebecca Hall, Scarlett Johansson, Javier Bardem

Duas amigas americanas vão de férias a Barcelona. Vicky está em véspera de casamento; Cristina vem livre para se envolver com o que encontrar. Dos três elementos enunciados no título só um funciona – a Vicky de Rebecca Hall. Scarlett Johansson confirma-se como produto sobrevalorizado e até em sex-appeal acaba a levar 10-0 de Penélope Cruz. E a Barcelona que aparece é superficial e óbvia, tal como Londres fora nas obras inglesas de Allen (já para não dizer que o acontecimento crucial do filme tem lugar em Oviedo). Woody Allen é Património Mundial e todos o amam, mas nem todas as razões para o amor serão legítimas. “Vicky Cristina Barcelona” é, provavelmente, o seu pior filme de sempre, mas, mesmo assim, houve quem o achasse o máximo. Personagens sem química, num argumento insosso onde a subtileza mandou notícias e é o narrador quem conta tudo o que a câmara não se dá ao trabalho de mostrar. Qualquer estudante de Cinema sabe que isso é mortal.

Veja também: “Deconstructing Harry”, o último Allen relevante (já remonta a ’97). “The Prestige”, para confirmar o talento de Rebecca Hall. “L’Auberge Espagnole”, homenagem melhor a Barcelona.

 AB

i, 2009.06.13

Comentários

JB disse…
Muito interessante, este argumento da narração. Tenho que começar a informar-me sempre previamente acerca disso. Se o filme tiver narrador, é porque não vale a pena gastar o meu tempo com ele. Significará automaticamente que o realizador foi preguiçoso, e assim poupo-me - eu próprio - à preguiça posterior de dizer que o filme foi mau porque havia um narrador. Epá, tenho que pensar a sério nisto.
noite americana disse…
Ainda bem que vai pensar. Aproveite para reflectir sobre o voice-over de "Blade Runner", por exemplo, na guerra que provocou entre director, protagonista e estúdio. E perceba também o óbvio: que há narrações e narrações. Narrações irónicas, complementares, subtis, e narrações que se substituem à própria linguagem cinematográfica e que revelariam tudo, mesmo que estivessem escritas num papel e não houvesse filme algum (caso de "Vicky Cristina Barcelona"). E que, portanto, a simples informação de que um filme tem narração voice-over nada revela por si só, à partida, da sua qualidade ou falta dela. Cumprimentos. AB
Tiago Ramos disse…
Neste caso estou em desacordo. Não é necessariamente um filme menor. Por exemplo, acho o Scoop inferior a este. Vicky Cristina Barcelona é para mim um dos filmes mais frescos de Woody Allen e isso acaba por ser... refrescante.
Anónimo disse…
Vale. Não concordo, mas respeito.
Gosto muito de ver este blog, mas cada vez me encontro mais em discordo com as opiniões, ou mini criticas.
Não vai ser razao de deixar de visitar o blog está claro, mas às vezes toca ali nuns nervos :)
noite americana disse…
Antes isso que não lhe arrancar qualquer reacção, Ritha. Mas espero que voltemos a estar de acordo, em breve. Obrigado pelo comentário e continue spinning around. AB

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