The Brave One - V - Taxi Driver revisited

Só depois de chegar a casa, regressado de ver The Brave One, descubro que na Visão, como em muitos outros locais depois descobertos na net, se faz um correlação entre este filme e Taxi Driver. Não acho difícil e percebo-a pela presença de Foster, de Nova Iorque, da violência. Mas essa correlação, creio-o, vai mais longe do que estes aspectos que referi e que encontrei referidos alhures. Há um momento do filme, que pensei referir no primeiro texto que sobre ele escrevi, em que Jordan deixa, literalmente, Foster regressar a Taxi Driver, mas não como a pequena Iris mas com uma adulta Travis Bickle.
Depois da sua segunda violenta incursão pela cidade - essa Nova Iorque irreconhecível, despojada dos seus ícones emblemáticos, que Jordan nunca filma - Foster entra num pub, sobe apressadamente as escadas, à sala de jantar do piso superior, procura a casa de banho e principia um ritual caótico de rejeição/aceitação do Outro, do medo, da violência, da sua nova condição de mulher, de corpo, vagueando pela cidade e pelos seus sons. Depois de olhar o espelho, de vomitar, de afastar os cabelos do rosto transfigurado em lágrimas, lápis preto, rímel, de lavar a cara e de pôr baton, Foster enfrentar de novo o espelho e não é o que diz - Hey, you... - mas a expressão com que o faz que me colocou de novo de frente a De Niro, a Travis, agora transfigurado em Jodie Foster, uma Erica Bain também ela carcomida pelo medo e pela violência.
Foster não chega a completar o seu Hey, you.... com o famoso talkin' to me? Mas não é preciso: o seu comportamento nos cinco minutos anteriores e o seu olhar no espelho fazem ecoar essas palavras na nossa cabeça.
DM

Comentários

jmnpm disse…
Concordo absolutamente, foi nessa cena que senti a ligação entre os dois filmes.

João Moreira (o seu ex-aluno que noutro dia encontrou na Cinemateca)

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