Prison Break

Já se tinha notado qualquer coisa em Catch me if you Can (o menos mau dos últimos Spielberg), na sombrae no riso que deixava em nós. Já se tinha notado, sobretudo, em The Departed (não embarco na desvalorização de Gangs of New York, por isso não acho o melhor Scorcese dos últimos tempos), menos em The Aviator (mas também a chave da personagem de Hughes apontava para isso mesmo, digo eu). Leonardo di Caprio está um homenzinho, e, não por acaso, está um homem. Em Blood Diamond, grita com Djimon Hounsou e ninguém acha estranho. Grita, corre, discute, sua, fode. O facto de di Caprio fazer tudo isto de forma intrinsecamente credível (não é fácil um puto magrinho e louro gritar com Djimon e malta não se começar a rir na sala) é a maior mudança na carreira de di Caprio desde que deixou de ser o puto que dá um banho a de Niro em This Boy’s life ou come Johnny Depp em What’s Eating Gilber Grape ou o junkie de The Basketball Diaries para se tornar o di Caprio de Titanic ou do péssimo The Beach. (mas perfeito em Romeo+Juliet) Corpo de homem, músculos e tudo, presença, negrume, a intimação de um passado, peso na balança e correspondente gravidade no écran, e, o que é mais, está a ficar feio. Em Blood Diamond temos uma visão do di Caprio futuro: um homem feio, um homem magro, um homem rugoso – um grande actor. E só então feio, rugoso e magro terá sobrevivido ao quase naufrágio que o maior blockbuster da história do cinema ia provocando, não meramente na tela, mas na sua própria carreira. Há uma diferença entre parecer envelhecido e estar velho. Decerto James Dean não seria hoje igual ao Dean maquilhado em The Giant. E há actores que, por não conseguiram envelhecer, ficam presos numa idade que absurdamente já não têm (ocorre Michael J. Fox, Matthew Broderick e parte do elenco de St. Elmo's Fire). Durante muito tempo os melhores filmes de di Caprio tinham sido feitos antes de ele ter idade para beber legalmente um copo nos Estados Unidos. Pois, não mais.
RB

Comentários

tartaruga disse…
O L. di Caprio mais maduro está a tornar-se num bom actor. Gostei bastante das suas duas últimas prestações.

(Já agora, a série "Prison Break" que passa aos Domingos na RTP1 é excelente, apesar de ter visto poucos episódios)
Capitão Napalm disse…
Perdi a conta aos clichés. Amanhã ainda os estarei a contar...

Saudações.
noite americana disse…
Caro Peeping Tom,
Dou-lhe razão, que diabo.
Perfurado pelo seu tripé, retribuo
cordiais saudações.

Rui Branco
Anónimo disse…
É notória a evolução de Dicaprio diante das telas (seja esteticamente, seja atuando), no entanto, ainda prefiro aguardar mais alguns anos, tendo em vista que não quero ser indelicado com aqueles que considero grandes artistas (caso de Johnny Depp, Geoffrey Rush, Edward Norton, Russell Crowe, entre outros).

(http://claque-te.blogspot.com): Pecados Íntimos, de Todd Field.

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