África e a América (mais feliz)

Olhando para a redescoberta de África por Hollywood, aspecto que já muitos notaram mas que está ainda por apreciar melhor (deixa para texto futuro do Rui) há um aspecto que me interessa: a forma como esta redescoberta demonstra bem a singularidade norte-americana.

Que singularidade é esta? Uma forma, quase sempre surpreendente e, aparentemente, paradoxal de combinar capitalismo com altruísmo.

A redescoberta de África por Hollywood, não o esqueçamos, gera dinheiro. Muito dinheiro. Os exemplos mais recentes, Blood Diamond e Last King of Scotland são disso exemplo. Mas ao mesmo tempo, quase se conseguem ver e ouvir nos bastidores os grupos humanitários norte-americanos que pretendem por África na agenda de current affairs. Com os filmes que referi é isso mesmo que acontece. Se por um lado se mantém o capitalismo musculado de Hollywood, que com estes filmes mantém a máquina a gerar dinheiro, por outro lado, filmes como estes contribuem decisivamente para acordar a opinião pública norte-americana para as questões de África - tráfico de diamantes, corrupção, despotismo, etc.

Daí que não seja de estranhar que África, powered por esta inusitada aliança, continue a surgir nas telas do mundo inteiro.
DM

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