A História segundo Ridley Scott
Este fim de semana vi, finalmente, o Kingdom of Heaven, na sua versão, Director's Cut, de 4 DVD.
A propósito de Director's Cut, numa versão remodelada e renomeada de Final Cut, chegamos à edição comemorativa dos 25 anos de Blade Runner. E meti-me a pensar que podemos correr cerca de 2000 anos de história na companhia de Ridley Scott.
Tudo começa com Russel Crowe em Gladiator, em tempos de Marco Aurélio (161-180). Com a paixão que tenho por épicos, não é estranho que Gladiador seja um dos meus filmes preferidos. Mas deve-se também à marca de Scott, que filma lutas, batalhas e guerras, com uma mestria artística, que combina um enquadramente histórico-literário com pormenores oníricos.
Mil anos depois, às portas de 1187, chegamos com Orlando Bloom, Eva Green, Edward Norton e Jeremy Irons ao Reino de Jerusalém, o Reino do Céu. A mesma imagem de marca de Gladiador, agora a propósito das cruzadas, entre a segunda e a terceira.
Saltamos para o início dos anos 90 do século XX e para os conflitos africanos de catastróficas consequências, mais propriamente na Mogadíscio de 1993, com Black Hawk Down e a história da intervenção americana na Somália. Desta vez com Eric Bana, Tom Sizemore, Josh Hartnett, Ewan McGregor, Sam Sheperd. Aí, com uma guerra completamente diferente, Scott mantém o seu estilo oscilatório entre a procura dos grandes planos, integrados em narrativas quase poéticas e os combates alucinantes e ritmados.
2019, Blade Runner, o ciclo fecha-se. Menos militar que os três filmes que indiquei atrás, Blade Runner é ainda assim um filme que tem um complicado conflito em pano de fundo: o do ser humano contro seu maquinal e melhor émulo. Na verdade um policial, negro, muito negro, com Harrison Ford, Rutger Hauer e Sean Young a encarnarem-se filósofos da ontologia e ética do homem e da máquina.
Diz-se que Ridley Scott vai voltar à época medieval para em Nottingham retomar a lenda e recontá-la. É interessante que isto aconteça pois Kingdom of Heaven acaba onde Nottingham poderá começar: com Ricardo I de Inglaterra a partir para a 3ª Cruzada.
O mais interessante é que este périplo pela história não revela um realizador obcecado por ela, antes parece mostrar alguém que, sendo apaixonado por mundos, gosta de os reconstruir quando uma boa história aparece. Contra estes quatro filmes históricos (e bem sei que se pode contestar facilmente Blade Runner, mas conte-se já Nottingham, por indulgência) podemos indicar outros bons filmes que nada têm de histórico, neste sentido: Thelma&Louise, Black Rain, Alien.
DM
A propósito de Director's Cut, numa versão remodelada e renomeada de Final Cut, chegamos à edição comemorativa dos 25 anos de Blade Runner. E meti-me a pensar que podemos correr cerca de 2000 anos de história na companhia de Ridley Scott.
Tudo começa com Russel Crowe em Gladiator, em tempos de Marco Aurélio (161-180). Com a paixão que tenho por épicos, não é estranho que Gladiador seja um dos meus filmes preferidos. Mas deve-se também à marca de Scott, que filma lutas, batalhas e guerras, com uma mestria artística, que combina um enquadramente histórico-literário com pormenores oníricos.
Mil anos depois, às portas de 1187, chegamos com Orlando Bloom, Eva Green, Edward Norton e Jeremy Irons ao Reino de Jerusalém, o Reino do Céu. A mesma imagem de marca de Gladiador, agora a propósito das cruzadas, entre a segunda e a terceira.
Saltamos para o início dos anos 90 do século XX e para os conflitos africanos de catastróficas consequências, mais propriamente na Mogadíscio de 1993, com Black Hawk Down e a história da intervenção americana na Somália. Desta vez com Eric Bana, Tom Sizemore, Josh Hartnett, Ewan McGregor, Sam Sheperd. Aí, com uma guerra completamente diferente, Scott mantém o seu estilo oscilatório entre a procura dos grandes planos, integrados em narrativas quase poéticas e os combates alucinantes e ritmados.
2019, Blade Runner, o ciclo fecha-se. Menos militar que os três filmes que indiquei atrás, Blade Runner é ainda assim um filme que tem um complicado conflito em pano de fundo: o do ser humano contro seu maquinal e melhor émulo. Na verdade um policial, negro, muito negro, com Harrison Ford, Rutger Hauer e Sean Young a encarnarem-se filósofos da ontologia e ética do homem e da máquina.
Diz-se que Ridley Scott vai voltar à época medieval para em Nottingham retomar a lenda e recontá-la. É interessante que isto aconteça pois Kingdom of Heaven acaba onde Nottingham poderá começar: com Ricardo I de Inglaterra a partir para a 3ª Cruzada.
O mais interessante é que este périplo pela história não revela um realizador obcecado por ela, antes parece mostrar alguém que, sendo apaixonado por mundos, gosta de os reconstruir quando uma boa história aparece. Contra estes quatro filmes históricos (e bem sei que se pode contestar facilmente Blade Runner, mas conte-se já Nottingham, por indulgência) podemos indicar outros bons filmes que nada têm de histórico, neste sentido: Thelma&Louise, Black Rain, Alien.
DM
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