Respeito entre os homens

para o Luís

Há umas semanas, a uns dias do Santo António, em animado jantar noite americana, ali para o lado da Calçadinha de Santo Estevão, a dada altura relembrámos os momentos em que actores que adoramos se encontraram no grande ecrã...

gosto de pessoas que inspiram por contágio, pessoas que não querem realmente levar-nos a fazer nada, não nos querem convencer ou persuadir, limitando-se a expressar intensamente as suas paixões e ódios. Digo isto contra mim mesmo, que cada vez o faço menos, tendo felizmente, a possibilidade de tentar convencer os meus alunos de que o Estado é fascinante, a relação das pessoas com o poder e o seu território algo que vale a pena pensar, que as liberdades fundamentais são o mais exuberante fruto da Criação...

...a dada altura o Luís relembra o encontro de De Niro com Pacino, em Heat, de Michael Mann. Não tive tempo sequer para tentar lembrar-me do filme, que não vi no cinema e só uma vez, em fracções, na televisão, pois o Luís agigantava-se já sobre a cena em que um avião [da TAP, garantiu-nos] trama De Niro, indicando a Pacino a posição do seu opositor.

Não disse nada nessa altura, mas a descrição que o Luís fez daquela cena, que vagamente recordava, fez-me pensar que era altura de rever Heat, até porque, desde então, passei a apreciar mais Michael Mann, pelos seus Collateral e Miami Vice.

Descoberta uma boa edição na CD-Wow, a preço apetecível, encomendei-a e esperei. Chegou ontem e hoje, como pausa entre correcções de exames, passei umas boas horas a revê-lo. Na verdade, tal era dele a minha memória, como se nunca o houvera visto.

Estava fisgado para recupear a cena de que o Luís falava, que para mais sabia ser no fim, o desenlace. Mas, pelo percurso, fui descobrindo pormenores magníficos. A jovem Natalie Portman a fazer de filha de Pacino, tal como o Luís também tinha relembrado. Ashley Judd, mais rechonchuda do que sempre a lembro em Double Jeopardy, a fazer, com Val Kilmer, umas das cenas mais belas do filme, quando com um gesto, para muitos incompreensível, uma mulher salva o marido, à revelia de tudo o que o poderia prever ou explicar, menos, creio, o amor. E olhar de Val Kilmer diz tudo.

Descobri também que os escassos minutos em que acompanhamos Vincent (nome que imediatamente me lembrou a personagem de Cruise em Collateral) em perseguição de Neil, para com ele conversar num café, no que é a mais longa cena contracenada por Pacino e De Niro, são musicados por Moby, interpretando a minha música preferida de Joy Division, A New Dawn Fades. Aliás, a banda sonora de Heat é das melhores coisas que tenho encontrado: B.B. King; Lisa Gerrard; James; Kronos Quartet; Brian Eno com U2; Einsturzende Neubaten, entre outros.

Mesmo tendo que tombar um dos dois (sendo que a salvação de Kilmer é um perpetuar da espécie e a compensação possível) quando De Niro cai, fica ainda meio de pé, quase ao nível de Pacino e as mãos dadas dos dois davam um poema.
DM


o avião da TAP que tramou De Niro, com Pacino em primeiro-plano

Comentários

Anónimo disse…
www.pnet.pt ---- muitas gaijas .... mas sem estarem nuas

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