Alice e as Cidades
Penso recorrentemente em Alice nas Cidades, para mim o mais belo filme de Wim Wenders. Na verdade dizer que penso nele é eufemismo. O filme persegue-me, ou eu a ele, como uma obsessão.
Apesar de não me lembrar dos meus sonhos é recorrente ter visões claras de momentos fugazes do filme, que nunca mais revi desde a primeira viagem algures nos anos 90.
Penso em como gostaria de ser o fotógrafo Phil Winter naquela viagem; penso no que será feito de Alice, interpretada por Yella Rottländer; penso no nome do actor que encarna Winter, Rüdiger Vogler, que sempre me soou sempre a Rudi Völler.
Depois penso que talvez não seja boa ideia rever o filme, toda aquela conversa fiada de não voltar ao lugar onde se foi feliz. Mas na verdade a minha memória deste filme não é uma memória feliz. É apenas uma memória antiga, fragmentada, melancólica, onírica.
O cinema a servir de desculpa para repensar como envelhecemos, como vivemos as cidades, como imaginamos a paternidade ou a vivemos por outros meios. E, se calhar, a Alice de Wenders nem é sobre nada disto, se calhar a minha memória atraiçoa-me.
Eu prefiro pensar que me traduz.
DM
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saudações,
Joaquim Diabinho