A history of violence (II) - O olhar de Viggo Mortensen

Até à cena do reviver a adolescência não tida, em que Maria Bello dá um ar da sua graça (mal sabemos nós qual é a sua graça, desvendada numas escadas algum tempo depois) olhava Viggo Mortensen com desconfiança.

Desconfiança tal - no seu olhar, sobretudo - que, às tantas, coloquei junto da hipótese de péssimo desempenho do actor, a caricatura de um desempenho. E convenci-me pouco depois disso mesmo. Aquele não era o olhar de um mau actor, era o olhar de um actor a desempenhar - com mestria - uma personagem que se tornou - algures no passado - um actor. Viggo Mortensen representa Tom Stall, um homem bom (se o é ou não este texto não tentará descobrir). Mas é bem verdade que Viggo Mortensen também representa Joey Cusack, um homem do qual não se saberá muito ao longo do filme, excepto que tem a history of violence. E é por isso mesmo que podemos perceber, pelo seu olhar cambiante, que aí se joga esse duplo desempenho de Mortensen, que é, igualmente, a essência do filme.
DM

Comentários

Barreira Invisível Podcast