82ª cerimónia de entrega dos óscares - nomeações


O costume, por favor

A Academia é uma avó no Natal: não nos compreende, só nos dá coisas que não queremos, diz sempre o mesmo, mas não nos passa pela cabeça não a ver.

Há menos surpresas nas nomeações que num ovo Kinder: decalcam as outras votações do ano e concentram-se em meia dúzia de filmes, talvez para que os nomeados caibam todos no Kodak Theatre.

Com centenas de produções anuais, não faz sentido que Hollywood só recorde “Avatar” e “Estado De Guerra” (9 nomeações), “Sacanas Sem Lei” (8), “Precious” e “Nas Nuvens” (6) ou “Altamente” (5).

Não há, aliás, grande esperança para uma Academia que acha “Avatar” um grande filme. Um filme sem personagens nem argumento, que nem ela tem coragem de nomear para uma dessas categorias. Mas que consegue eleger pela horrível banda sonora de James Horner.

Por que é que Matt Damon é nomeado por “Invictus” e não por “O Delator!”? Por que é que “Os Irmãos Bloom” não são nomeados pelo argumento, “Duplo Amor” por argumento e Joaquin Phoenix, “Tetro” pela fotografia, “Moon” por tudo e mais alguma coisa? Como é que “Nove”, esse longo anúncio da Martini, tem direito a quatro nomeações?

Numa noite dedicada ao ex-casal Cameron / Bigelow, resta esperar que a senhora leve a melhor. E que ninguém pense demasiado no porquê de o cinema mundial só continuar a ter direito a um caridoso “Óscar para filme em língua estrangeira”, quando estão lá “Um Profeta” e “O Laço Branco”, qualquer um capaz de pôr metade dos nomeados a um canto.

AB

i, 2010.02.03

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