a vida em tempo real


DUAS HORAS NA VIDA DE UMA MULHER

De: Agnès Varda

Com: Corinne Marchand, Antoine Bourseiller, Dominique Davray

Tudo começa numa mesa de tarot e as vozes de duas mulheres, uma lançando as cartas à outra, Cléo, de Cleopátra, do Egipto e de animal, mas Florence de nome verdadeiro, de Florença e, portanto, da arte, e da flora. Cléo é a mulher em epígrafe no título português. A mulher que aguarda o resultado de uns exames para saber se tem ou não um cancro e o tempo contado. As duas horas de vida que acompanhamos depois são Cléo em busca de respostas, do conforto de um destino, de um sentido que, em verdade, nunca procurou. Bela, amada, olhada e obcecada consigo mesma, é uma silhueta perfeita roubada à eternidade do cinema a desfilar entre a normalidade humana das ruas de Paris. Ao cabo daquelas duas horas, não se pode dizer que encontre uma resposta. A resposta foi-se encontrando a si mesma. Isto é Agnès Varda em 1961, a fazer inveja com a sua liberdade criativa ao standardizado cinema contemporâneo. Inclui muitos e bons extras.

Veja também: Mais Agnès Varda, como “Sem Eira Nem Beira” ou o recente “As Praias De Agnès”.

AB

i, 2009.12.23

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