Outside the Rumble Heart Club
Hooligans é Fight Club. É Braveheart. É Rumble Fish. É The Outsiders. Devemos perguntar-nos porquê. E ter a plena confiança de que a resposta a esta pergunta é tudo o que importa quanto a este filme.
Trata-se de uma questão de linhagem. Trata-se, não de um outro campeonato, mas de um outro jogo.
Em Hooligans há uma história de amor. Há. Em Hooligans há uma história de amor fraterno. Há. Em Hooligans há uma história de lealdade. Há.
Como há em todos os filmes que referi acima. O que têm todos eles em comum? A violência. A luta. A agressividade. A novidade que trouxe Fight Club e que é o seu grande mérito foi a ausência de uma razão. Em Fight Club não há uma razão, ainda que remota ou simbólica, para a violência. E, assim, Fight Club tornou-se uma questão prévia de todos os filmes que referi acima. E de todos os que escolham a violência como questão tópica.
Em Hooligans, em boa verdade, estamos a meio caminho entre Fight Club e os restantes filmes referidos. É que se o futebol é a causa remota, a causa próxima é fightclubiesca. Isto é, não existe. Ou, dito ainda de outro modo, é a razão da falência da razão: a paixão.
Os hooligans de Hooligans são trabalhadores honestos, alguns inteligentes, outros parvos, com uma vida comum durante a semana. E um escape de violência no seu fim. Aqui acabam as semelhanças com Fight Club. Neste filme isso era levado às últimas consequências e essa aparente ausência de justificação/paixão pela violência era analisada e reanalisada em várias variantes durante o filme. Em Hooligans a desculpa é o futebol, enxertado, depois, com traições, lealdades e deslealdades que tornam menos crua (e cruel) a violência. Ou talvez não. É que se a crueza de Fight Club nos pode, às tantas, tornar filosóficos, a âncora concreta e real de Hooligans - o futebol - torna algo perversa a violência, ao mesmo tempo que parece justificá-la com um código de valores. Novamente, a lealdade, a honra...etc. E eis aqui as semelhanças com Braveheart e o seu nacionalismo, a sua revolta; com Rumble Fish e The Outsiders com a sua adolescência. Tudo causas remotas, que amaciam a violência que em Fight Club se quer do avesso. Nesse sentido Hooligans está algo perdido a meio caminho. Por um lado, insinua-se a violência pela violência, a paixão, o escape; por outro lado não se resiste a tentar justificá-la e amenizá-la. Mas a justificação é ténue - o futebol é sempre secundário - e a amenização é frágil - o amor fraterno, filial, a lealdade, a honra são os maiores motivadores de violência que podem insuflar o espírito humano.
DM
Trata-se de uma questão de linhagem. Trata-se, não de um outro campeonato, mas de um outro jogo.
Em Hooligans há uma história de amor. Há. Em Hooligans há uma história de amor fraterno. Há. Em Hooligans há uma história de lealdade. Há.
Como há em todos os filmes que referi acima. O que têm todos eles em comum? A violência. A luta. A agressividade. A novidade que trouxe Fight Club e que é o seu grande mérito foi a ausência de uma razão. Em Fight Club não há uma razão, ainda que remota ou simbólica, para a violência. E, assim, Fight Club tornou-se uma questão prévia de todos os filmes que referi acima. E de todos os que escolham a violência como questão tópica.
Em Hooligans, em boa verdade, estamos a meio caminho entre Fight Club e os restantes filmes referidos. É que se o futebol é a causa remota, a causa próxima é fightclubiesca. Isto é, não existe. Ou, dito ainda de outro modo, é a razão da falência da razão: a paixão.
Os hooligans de Hooligans são trabalhadores honestos, alguns inteligentes, outros parvos, com uma vida comum durante a semana. E um escape de violência no seu fim. Aqui acabam as semelhanças com Fight Club. Neste filme isso era levado às últimas consequências e essa aparente ausência de justificação/paixão pela violência era analisada e reanalisada em várias variantes durante o filme. Em Hooligans a desculpa é o futebol, enxertado, depois, com traições, lealdades e deslealdades que tornam menos crua (e cruel) a violência. Ou talvez não. É que se a crueza de Fight Club nos pode, às tantas, tornar filosóficos, a âncora concreta e real de Hooligans - o futebol - torna algo perversa a violência, ao mesmo tempo que parece justificá-la com um código de valores. Novamente, a lealdade, a honra...etc. E eis aqui as semelhanças com Braveheart e o seu nacionalismo, a sua revolta; com Rumble Fish e The Outsiders com a sua adolescência. Tudo causas remotas, que amaciam a violência que em Fight Club se quer do avesso. Nesse sentido Hooligans está algo perdido a meio caminho. Por um lado, insinua-se a violência pela violência, a paixão, o escape; por outro lado não se resiste a tentar justificá-la e amenizá-la. Mas a justificação é ténue - o futebol é sempre secundário - e a amenização é frágil - o amor fraterno, filial, a lealdade, a honra são os maiores motivadores de violência que podem insuflar o espírito humano.
DM
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