Diálogos: TUDO PODE DAR CERTO (2009)
Embora Woody Allen saiba sempre bem, já lá vão os anos de ouro. Encontramos um belo naco de prosa no filme que lançou o ano passado, mas o texto estava escrito desde os anos 70, quando Allen criou o genial misantropo Boris Yellnikoff para Zero Mostel. Com a morte inesperada de Mostel, o guião ficou na gaveta até aparecer Larry David.
BORIS: [Para o público] Odeio passagens de ano. Toda a gente tenta desesperadamente divertir-se, celebrar duma maneira patética qualquer. Celebrar o quê? Estar mais perto da cova? É por isso que nunca é demais dizer: aproveitem cada pedaço de amor que conseguirem ter ou dar, cada alegria, cada partícula temporária de encanto, o que quer que seja. E não se iludam: boa parte da nossa existência é sorte. Qual era a probabilidade daquele espermatozóide do vosso pai entre biliões encontrar o óvulo donde nasceram? Não pensem nisso – iam ter um ataque de pânico.
MELODIE: O que é que estás a fazer, Boris? Com quem é que estás a falar?
BORIS: Estão pessoas lá fora a ver-nos!
HELENA: Como?
MARIETTA: Lá fora?
BORIS: Sim, estão a ver… Bom, estavam lá no início do filme; não sei quantos restam.
Argumento: Woody Allen
AB
i, 2011.01.22
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