Finalmente alguém que rompe o unanimismo burro acerca de Atonement
Faço minhas as palavras do Pedro Mexia:
Achei Atonement / Expiação intragável. É pena, porque adapta um romance excelente e tem Keira Knightley com um vestido verde comprido daqueles de acreditar em Deus e na Imaculada Conceição. Mas o que Joe Wright conseguiu com Jane Austen (Pride and Prejudice, 2005) não conseguiu com Ian McEwan. O livro é sobre o storytelling como auto-justificação, jogando maravilhosamente com a memória do romance inglês oitocentista. O filme já não goza da inocência sábia de Austen e não tem unhas para a metaficção novelística. McEwan tem dito que os seus últimos livros privilegiam a emoção em vez da ideia, mas Atonement (o romance) tem ainda assim muitas ideias, enquanto Atonement (o filme) não tem nenhuma. Confunde «metaficção» e «ponto de vista» e acha que a «justificação» e a «culpa» são a mesma coisa. Expiação (o filme) é apenas um pastelão romântico e bélico. É pena. Volta, Henry King, estás perdoado.
Eu nem sequer acho que o Joe Wright tenha conseguido nada de especial com o "Pride and Prejudice" de 2005, nada que a versão de Pride and Prejudice que "Bridget Jones" é não tenha feito melhor, com o melhor Wickham de todos, Hugh Grant, a miúda das cuecas e aquele senhor distinto e alto, o patrão da Lúcia Moniz em "Love Actually". E já que estamos a falar de Colin Firth, o melhor Darcy é mesmo o dele no Pride and Prejudice da BBC, até prova em contrário. Tudo visto, Atonement sucks.
Há mais quem concorde.
RB
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