A Outra Trindade


Podia escrever para aqui um texto intelectualizado sobre a importância de ver Eustache, no ciclo integral que a Cinemateca lhe dedica, mas não o vou fazer. Vou centrar-me num dos seus filmes, que passará terça e quarta-feira desta semana, respectivamente nas salas Félix Ribeiro e Luís de Pina. Esse filme é La Maman et la Putain e já não o vejo há 12 anos. As palavras de apreço da praxe estão no site da cinemateca, como é habitual, e serão sempre poucas para destacar a beleza e, sobretudo, a força deste filme de Jean Eustache. Ao pé dele Os sonhadores ou mesmo o recente Em Paris tornam-se pálidos, o que já não é dizer pouco (para mais tendo em conta que um deles conta com Eva Green e não sei se já vos falei de Eva Green...).

Claro que posso estar a ser tendencioso, exagerado. É costume tal coisa acontecer quando se escreve sobre um filme que nos marcou mas pelo timing com que entrou nas nossas vidas do que pela sua qualidade íntrinseca. Mas o cinema, como o homem, é ele próprio mais as suas circunstâncias.

Paradoxalmente, se há coisa que La maman et la putain nunca será é cinema de circunstância: é incontornável, intenso e, mesmo se datado, estranhamente próximo. Amanhã o poderemos confirmar. Em 200 minutos de cinema.
DM

P.S. - além disso, óptima oportunidade para rever Jean-Pierre Leaud, longe do miúdo dos 400 Golpes.

Comentários

Hugo disse…
Rever Léaud e, também, redescobrir a importância da palavra. Porque foi isso que Eustache quis trabalhar neste filme monumental.

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