O Dogma que resta

Os irmãos Dardenne entraram na minha vida, em 2000, como um nome: Rosetta. E nunca mais haveriam de sair.

Depois de Rosetta, que merece texto autónomo, para um dia, vi Le Fils, que me confirmou uma mundivisão parcialmente coincidente e cúmplice. Agora é quase tempo de poder ver o seu último filme. Estreia no próximo dia 27, a Palma de Ouro de Cannes 2005, L' Enfant.

Mesmo sabendo muito pouco do filme que aí vem - propositadamente - tenho expectativas para este filme. Sempre as mesmas, desde Rosetta: são expectativas que nada têm que ver com a história - já percebi que os irmãos Dardenne andam por caminhos que me interessam e por isso gosto da surpresa - mas muito mais com a forma de encarar o cinema. Uma câmara na mão, um caminho, os sons e as imagens que vierem, numa mistura inextricável de acaso, espontaneidade, preparação, planeamento. De qualquer modo, uma coisa não deverá ter mudado neste filme dos irmãos Dardenne: a vontade. O que se quer é contar uma história. Os Dardenne assumem-se morais, e ainda bem. Mesmo se as morais são várias e se digladiam. Quem não gostar não come. Mas quem gostar há-de comer e dar-se-á por satisfeito. Eu espero, confirmar isso mesmo, em breve.
DM

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