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FLOR DO DESERTO
De: Sherry Horman
Com: Liya Kebede, Sally Hawkins
É costume. Grandes vidas dão filmes banais; grandes causas, objectos artísticos menores. “Flor Do Deserto” tem um pé em cada um destes territórios movediços e deixa-se afundar em ambos.
Sherry Horman adapta a auto-biografia de Waris Dirie, uma jovem somali vítima de mutilação genital feminina quando tinha apenas três anos. Tornou-se porta-estandarte do drama de milhões de mulheres africanas porque fugiu ao destino: escapou ao casamento forçado com um sexagenário quando era pouco mais que uma criança, atravessou o deserto a pé até Mogadíscio e conseguiu emigrar para a Europa. Tornou-se vedeta da moda e embaixadora das Nações Unidas para a erradicação da excisão feminina.
A história perfeita de superação e tremenda do ponto de vista do drama foi relegada para um relato em flashback. Em primeiro plano, ficou uma narrativa insípida que trata Waris como a boa selvagem inadaptada à cosmopolita Londres, rodeada de personagens inúteis: uma amiga roliça aspirante a bailarina; um noivo por conveniência que lhe facilita a legalização, mas tem mau carácter; um esboço de história de amor por um americano de passagem.
Com um elenco ao nível do argumento – isto é, baixinho – “Flor Do Deserto” passa sem deixar rasto. Enquanto alerta, é fundamental; enquanto cinema, inteiramente irrelevante.
AB
i, 2010.06.24
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