Uma escolha
Por uma vez prefiro um título português ao título original inglês, embora sem gostar muito de nenhum. Falo de Two Lovers, cujo título português é Duplo Amor. Explico.
Two Lovers, de James Gray (que também realizou o interessante Little Odessa), surge para actualizar ao século XXI um paradigma clássico da narrativa humana: o homem perante os dois arquétipos de mulher. Convenhamos, não sendo novo o desafio é maior. Não há apenas que recontar a história, há que reinventar a história. E a história é sempre a mesma, o que a torna áspera de revisitações.
Todas as culturas politeístas lidavam bem com este duplo arquétipo feminino. Em quase todas as religiões havia uma deusa da luxúria, da tentação, do amor sexual (como deu para lhe chamarem) e uma deusa do amor casto, conjugal. O maniqueísmo serve, não tanto porque seja prevalecente (felizmente não faltam para aí mulheres que sabem conjugar as duas facetas) mas porque é dilacerante. E, nesse sentido, entusiasmante.
No filme de Gray, o triângulo amoroso é protagonizado por Joaquin Pheonix, no que parece ter sido o seu último filme; Vinessa Shaw intepreta a virtude e Gwyneth Paltrow a tentação. Então, como se reconstrói a narrativa? Basicamente, sobre os ombros de uma interpretação muito boa de Pheonix e uma cenografia urbana/retro/judia, que ajuda a compor o ramalhete.
Claro que ninguém quer saber disso: quem se relacionar intimamente com este filme fá-lo-á porque já esteve na pele de uma das três personagens. O resto é para conforto espiritual.
Daí que Duplo Amor, pelo menos na cabeça de Leonard, no derradeiro momento, de areia, mar, noite e luvas, seja mais apetecível (e compreensível), do que Two Lovers, algo que nunca foi, nem mesmo na sua cabeça, senão num sentido forçado, técnico carnívoro...
Mas nestas matérias um título é tão bom quanto outro. Insisto: a ligação à experiência faz-se pela revisitação da experiência própria. Ou, pelo menos, pela reflexão, sobre onde nos encaixaríamos e como nos comportaríamos em tais situações.
Two Lovers, de James Gray (que também realizou o interessante Little Odessa), surge para actualizar ao século XXI um paradigma clássico da narrativa humana: o homem perante os dois arquétipos de mulher. Convenhamos, não sendo novo o desafio é maior. Não há apenas que recontar a história, há que reinventar a história. E a história é sempre a mesma, o que a torna áspera de revisitações.
Todas as culturas politeístas lidavam bem com este duplo arquétipo feminino. Em quase todas as religiões havia uma deusa da luxúria, da tentação, do amor sexual (como deu para lhe chamarem) e uma deusa do amor casto, conjugal. O maniqueísmo serve, não tanto porque seja prevalecente (felizmente não faltam para aí mulheres que sabem conjugar as duas facetas) mas porque é dilacerante. E, nesse sentido, entusiasmante.
No filme de Gray, o triângulo amoroso é protagonizado por Joaquin Pheonix, no que parece ter sido o seu último filme; Vinessa Shaw intepreta a virtude e Gwyneth Paltrow a tentação. Então, como se reconstrói a narrativa? Basicamente, sobre os ombros de uma interpretação muito boa de Pheonix e uma cenografia urbana/retro/judia, que ajuda a compor o ramalhete.
Claro que ninguém quer saber disso: quem se relacionar intimamente com este filme fá-lo-á porque já esteve na pele de uma das três personagens. O resto é para conforto espiritual.
Daí que Duplo Amor, pelo menos na cabeça de Leonard, no derradeiro momento, de areia, mar, noite e luvas, seja mais apetecível (e compreensível), do que Two Lovers, algo que nunca foi, nem mesmo na sua cabeça, senão num sentido forçado, técnico carnívoro...
Mas nestas matérias um título é tão bom quanto outro. Insisto: a ligação à experiência faz-se pela revisitação da experiência própria. Ou, pelo menos, pela reflexão, sobre onde nos encaixaríamos e como nos comportaríamos em tais situações.
DM
Comentários
de qualquer forma, beijinhos e isso.