só para dias de chuva
MUITO BEM, OBRIGADO
Realização: Emmanuelle Cuau
Com: Gilbert Melki, Sandrine Kiberlain
Alex é um vulgar contabilista que leva uma vida vulgar com uma mulher vulgar que, por acaso, é motorista de táxi. Até ao dia em que um mal-entendido com a polícia o leva à cadeia, da cadeia a um hospital psiquiátrico e do hospital psiquiátrico ao desemprego, numa sucessão de equívocos que aspira a ser uma comédia de enganos. A abertura do filme promete uma revisitação de Kafka e dos labirínticos corredores da burocracia, de forma satírica e despretensiosa: de facto, já todos passámos pequenas peripécias devido à inaptidão para a inteligência de muito funcionário zeloso. Mas, rapidamente, se descamba para a vacuidade. Kafka, afinal, nunca morou ali, a sátira é irrealista e a comédia ineficaz. Alex deveria ter um comportamento normal, numa sociedade normalizada, onde conflito e comédia emergissem de mal-entendidos. Mas sucede exactamente o oposto: Alex e a sociedade são ambos irracionais. Numa palavra: fraquinho.
Veja também: Comédia francesa que funcione. Por exemplo, o recente “As Minhas Estrelas”, de Laetitia Colombani, ou o magnífico “Sabe-se Lá”, de Jacques Rivette.
AB
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