O cinema com V.

V. foi o meu primeiro amor. O primeiro amor, assim mesmo, longo, tímido, platónico, como num filme americano. Um teen movie peculiar em que ele se declara na biblioteca e foge de casa para ir com ela às aulas de dança. Mas sem final feliz. Anos depois, eu e V. encontramo-nos. Ela deixou o namorado. Numa noite qualquer, sem que nada o fizesse prever, amamo-nos uma só vez, arrependemo-nos e separamo-nos, como num filme francês.
Mais anos passam. Hoje encontro V. - regressou ao namorado, casou há um ano, pensa em divorciar-se. Nada resta daquela jovialidade antiga, daquele sorriso luminoso que transformava um rosto banal no mais belo que já vira. Não sei que lhe dizer. Ficamos num longo silêncio, imóveis e distantes, como num filme português.

post retirado do extinto Desejo Casar, LFB

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