Drive: uma ópera-prima (vii) - A violência

Drive podia bem chamar-se Uma história de violência. Há aliás uma cena que me fez regressar a uma outra cena, de um outro belíssimo filme. Ali estão Gosling e Mortensen com a mesma expressão, as mesmas emoções transmitidas, o mesmo corolário em face da violência.

A cena de Drive a que me refiro é a minha cena preferida, a cena do elevador (SPOILER). Além de mais um bom exemplo do rigor operático de filme, a par com outras opções, como a sequência da exímia introdução a terminar no estádio dos LA Clippers, a passagem para o genérico e seu tema musical, as inserções perfeitas de câmaras lentas, a cena do elevador é a expressão do prazer da violência, potenciada pela longa contenção finalmente afastada. Mas é também o momento em que percebemos a brutal distância entre a violência do condutor e a suavidade de Irene, potenciada pelo aspecto frágil de Mulligan. Algo que, provavelmente, nunca poderá ser superado, de que parece ser metáfora, a separação operada pelo elevador e as suas portas fechando-se.

A cena de Drive a que me refiro é esta:



(END SPOILER)

E a cena de A History of Violence é esta: (incorporação não autorizada)

Compare-se duas coisas: o sangue e o olhar, a dado momento, de satisfação, por um lado, e de reconhecimento, por outro, de que o chamamento da violência foi mais forte, e superou o esforço de controlo que as personagens vinham conseguindo.

O resto do tempero em violência é um corolário disto: a ideia de que a violência pode explicar muita coisa e motivar ainda mais.

DM

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