Drive: uma ópera-prima (iv) - Los Angeles

Never been. Mas os filmes e as séries já lá me levaram várias vezes. Mulholland Drive, por exemplo. A fotografia de Los Angeles em Drive é um dos pontos fortes do filme. Talvez tudo se pudesse passar noutra cidade mas seria difícil. E isto explica-se com a correcção de uma injustiça: disse que Drive era uma ópera. Mas não é apenas uma ópera. É também um western. Já alguns críticos notaram as semelhanças do homem sem nome de Eastwood e de Gosling. Sendo isso verdade, Refn, não esqueceu que o verdadeiro western não existe apenas com um enigmático (anti)-herói. É preciso paisagem. E se no western ela é monument valley, num filme como Drive só podia ser LA. Mas, sendo western, tinha que ser uma LA filmada como a filme, como um jogo de escalas, em que ora surge em toda a sua brutalidade de metrópole que se perde no horizonte, ora surge em planos próximos, dir-se-ia, banais. E é neste jogo que verdadeiramente estão os alicerces da ópera-western que é Drive.

A LA de Drive, e Refn assume o fascínio, deve muito a Heat, claro. Mas deve igualmente a The Searchers. É, aliás, a combinação da influência de ambos que pode ajudar a perceber a LA de Refn, uma LA cinematográfica, mas, sobretudo, cinéfila. Uma fotografia belíssima.

DM

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