a salvação não é aqui
Slumdog Millionaire – que, entre nós, para não colidir com o nome do concurso televisivo franchisado que está no eixo do seu enredo, se chamou, com alguma bizarria no câmbio monetário, Quem Quer Ser Bilionário? – ainda é o filme de que se fala.
Bem sucedido e polémico, granjeou aquilo de que poucos se podem gabar: fama e infâmia. Pessoalmente, tenho dúvidas que seja merecedor de qualquer delas. Danny Boyle não é um director de intervenção ou, pelo menos, já não é. Veja-se o excelente Millions, por exemplo, quando já andava a debruçar-se sobre esta temática da fortuna súbita e produto do acaso. Parece-me que só anda à procura de histórias felizes e diversão. Não quer dizer nada mais profundo. Não anda a meter dedos em nenhuma ferida. Não tem qualquer mensagem humanitária. Mas não tem de ter.
Por isso, estranho o coro de críticas que continua a vaiar Slumdog conforme passa. Na Índia, podem dizer-lhe o que quiserem, que é mau para o país, que não corresponde à realidade. Mas que, em Portugal, se escreva mais ou menos o mesmo já acho estranho. Diz-se que não é verosímil, que quer chocar, que Boyle foi à Índia fazer o seu filme e que esse seu filme nada tem a ver, de facto, com a Índia.
Não entendo. Isto é cinema, não uma enciclopédia. É um filme, não um programa político. É arte, não uma organização de ajuda humanitária. O cinema não tem de ser realista nem profundo; tem é de ser bom. E Slumdog Millionaire é mais ou menos bom. E tem Freida Pinto, que alguns andam a dizer que é portuguesa embora ela própria afirme nada saber sobre isso, mas que é linda. Nesse ponto, ao menos, estamos todos de acordo.
AB
Publicado no sítio do costume, quinta passada.
Bem sucedido e polémico, granjeou aquilo de que poucos se podem gabar: fama e infâmia. Pessoalmente, tenho dúvidas que seja merecedor de qualquer delas. Danny Boyle não é um director de intervenção ou, pelo menos, já não é. Veja-se o excelente Millions, por exemplo, quando já andava a debruçar-se sobre esta temática da fortuna súbita e produto do acaso. Parece-me que só anda à procura de histórias felizes e diversão. Não quer dizer nada mais profundo. Não anda a meter dedos em nenhuma ferida. Não tem qualquer mensagem humanitária. Mas não tem de ter.
Por isso, estranho o coro de críticas que continua a vaiar Slumdog conforme passa. Na Índia, podem dizer-lhe o que quiserem, que é mau para o país, que não corresponde à realidade. Mas que, em Portugal, se escreva mais ou menos o mesmo já acho estranho. Diz-se que não é verosímil, que quer chocar, que Boyle foi à Índia fazer o seu filme e que esse seu filme nada tem a ver, de facto, com a Índia.
Não entendo. Isto é cinema, não uma enciclopédia. É um filme, não um programa político. É arte, não uma organização de ajuda humanitária. O cinema não tem de ser realista nem profundo; tem é de ser bom. E Slumdog Millionaire é mais ou menos bom. E tem Freida Pinto, que alguns andam a dizer que é portuguesa embora ela própria afirme nada saber sobre isso, mas que é linda. Nesse ponto, ao menos, estamos todos de acordo.
AB
Publicado no sítio do costume, quinta passada.
Comentários
É impressionante a mania que paira de que cada filme tem de ser um processo de intervenção social, quando esquecem que a origem do cinema é tudo menos interventiva...mesmo os grandes clássicos que tanto alabam.
Slumdog Millionaire pode não ser um grande filme, uma obra prima para a posteridade. Mas para o que é e como é feito, é um dos filmes mais competentes da última década.
E se os indianos se queixam da "má publicidade" que o filme lhes pode trazer, em primeiro lugar é preciso ressalvar que este foi "o" filme que colocou a India no centro do Mundo. Não as milhares de produções de Bollywood. E como dizia o outro, má publicidade é melhor que nenhuma publicidade. E se hoje se fala tanto da India, muito se deve a este fenómeno social que foi SM. Quanto ao país, a responsabilidade é exclusiva dos próprios indianos. Nada do que está ali é inventado. Fabulado sim, inventado, nem por isso.
E quanto ao que se escreve em Portugal, enfim, as always no coments!
Cumprimentos