Brief Notes on Munich

1. Lindíssima Ayelet "Labour" Zorer e magnífico Eric Bana.

2. Compreende-se por que Munich recebeu críticas tanto de árabes como de judeus: Spielberg está mais preocupado com os detalhes do que com a conclusão moral. Isso é bom. Ao deixar respirar os pormenores não asfixia o filme num centramento moral que obrigaria a tomar posição. Não que não possamos suspeitar da posição de Spielberg, judeu, mas não é uma intenção do realizador. Aliás, há duas cenas que me parecem exemplares disso mesmo: a conversa entre Avner e Ali (Mossad e OLP) e um último diálogo em Nova Iorque, entre Avner e Ephraim sobre as reais razões para matar os 11 homens na lista.

3. Lindíssima Ayelet "Labour" Zorer mas também lindíssima Marie-Josée Croze.

4. A propósito da personagem de Croze prossigamos: é a única morte condenada pela Mossad. Mas, pergunta-se, porquê? (SPOILER) Afinal, ao matar um israelita judeu não está a cometer o mesmo crime que os verificados em Munich? Há-de tratar-se de algo mais.

5. Spielberg ao afastar-se de uma lição moral, ao centrar-se, ao invés, nos pormenores parece querer polemizar a velha questão: afinal, quem habita nos pormenores? Deus ou o Diabo?

6. A Munique de Spielberg termina, justamente, quando Avner tenta perceber the big picture. Afinal, como lhe diz Carl, ele é do género que só tem medo de estar parado. Supõe-se que só estando parado se percebe a moral das coisas. Bear with me on that.

7. Claro que este estado de coisas interessa a Spielberg que apesar de ser um moralista, quando quer, é sobretudo um tecnocrata lamechas, alternada ou cumulativamente. E Munich é um filme, à vez, sentimental e técnico. O resto (leia-se a moral) também lá está mas Spielberg não quer sujar as mãos com isso. Fica para o espectador.

8. No fim o que há é um homem atormentado por um massacre, tornado assassino (voluntariamente), por uma causa de que está certo, a princípio, de que duvida no fim. O filme de Spielberg é sobre isto. Nós poderemos depois acrescentar-lhe o choque de civilizações, de religiões, do tu-mataste-primeiro-esta-terra-é-minha-não-é-minha-etc-interminável. Spielberg sobre isso não filma um único frame.

9. Claro que Munich de Spielberg pode e deve ver-se muito bem entre frames.

10. Ayelet "Labour" Zorer é sensual como há muito não via. As cenas em que entrava não pareciam cinema, pareciam teatro de tão bem que a conseguia cheirar.

DM

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