Drive: uma ópera-prima (v) - A banda sonora

Foi por aqui comecei. Há mais de um mês que ando a ouvir a banda sonora de Drive, embora só tenha visto o filme anteontem. Depois de múltiplas audições comecei a lembrar-me de duas bandas sonoras sempre que a ouvia: Blade Runner e Collateral. A identidade da banda sonora de Cliff Martinez, contudo, está na compreensão do que queria Refn com a música de Drive. E, em Drive, a música é uma personagem. Ou se preferirem, ela é metade da personagem de Ryan Gosling: é o seu tradutor emocional.

A banda sonora é composta em quatro quintos pela visão electrónica de Martinez sobre o personagem principal, o europop, como Refn lhe chamou. E um quinto de temas com voz, onde se inclui Nightcall de Kavinsky, Under your spell dos Desire, A real hero dos College, Oh my love de Riz Ortolani.

Mas o importante é que, depois de vermos Drive, percebemos que a banda sonora não se limita a ser apenas mais uma banda sonora, algo que está feito para acompanhar o filme. A banda sonora é o filme, é uma das suas linguagens, uma das suas paisagens, parte das personagens.

E se já sabe bem ouvi-la antes de vermos o filme, depois, com a memória dele, é um modo maravilhoso de nos mantermos Drive vivo.

Resumindo, Drive é um filme sobre um homem que dá umas voltas de carro a ouvir música. A vida é o que acontece entretanto.

DM

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