é golo. é um golaço

Talvez quem não seja grande apaixonado do cinema tenha dificuldade em compreender, mas há ocasiões em que uma pessoa festeja a atribuição de determinados prémios a determinados filmes como se de um golo se tratasse, um golo do clube do nosso coração na final da Champions. Foi isso que aconteceu quando soube, pelo telefone, que a Palma de Ouro tinha ido para “A Árvore Da Vida”.

Terrence Malick é um mito vivo do cinema, não só pelo dom extraordinário com que nasceu como pela gestão minuciosa que faz desse mesmo dom: apenas cinco filmes em 40 anos de carreira – cada um deles, uma raridade. O segundo, “Dias Do Paraíso”, já lhe tinha rendido, em 1978, a distinção para melhor realizador em Cannes; ao quinto, chega a consagração máxima: melhor filme.

“A Árvore Da Vida” merece tudo: Palma de Ouro, palmas, ouro, todos os outros prémios que não receberá. É verdadeiramente uma obra de arte que parte da história de uma família que perde um filho para uma grandiloquente busca pelo sentido da vida. Ambicioso, sem dúvida, mas alcança tudo aquilo a que se propõe, crescendo até se tornar um hino retumbante a esse mistério de estar vivo.

Numa edição que corria o risco de ficar marcada pelas patetices de Lars Von Trier, dá-se de repente este golpe de justiça divina: Cannes termina coroando um dos mais belos filmes que vimos em décadas de cinema.

AB

i, 2011.05.23

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