sala de cinema ou sala-de-estar, eis a questão
A TV começou por apavorar o cinema. Natural como a sua sede. Era de graça, era lá em casa, o mundo à distância de um clic, finalmente as imagens em movimento numa tela privada. Mas os cães ladraram e a caravana, com mais ou menos custo, passou. O cinema não é “só” o filme. É uma experiência social, é ver primeiro que os outros, promover ou arrasar a fita junto dos amigos, o melhor simulacro dos sonhos jamais inventado (na minha modesta opinião, supera de longe o original).
Contudo, não sei se é dos energúmenos que pululam muitas salas – tornando a experiência de ir ao cinema tão agradável como uma consulta no dentista; se do (tão batido) cinzentismo dos executivos dos grandes estúdios; se de uma crise de identidade; a verdade é que a TV está a protagonizar um comeback capaz de fazer corar o John Travolta. O cinema deve, por isso, ou deveria, estar muito assustado outra vez.
Shawn Ryan, Carlton Cuse, Damon Lindeloff, James Murphy, Doug Ellin, David Chase, Aaron Sorkin, David Mamet, Denis Leary, Robert Cochran e companhia. Armados de canetas, computadores e o bendito DVD. Com o advento destes argumentistas geniais finalmente pode dizer-se que “the revolution will be televised”. E, graças ao último, sem infinitos anúncios pelo meio.
Já não troco uma maratona de “Entourage” pela estreia do último Gus Van Sant. E mesmo Tim Burton, Spielberg ou P.T. Anderson têm de se esforçar contra pacotes por abrir de “The Shield”, “24” ou “Rescue Me”. A ficção de qualidade é um vício. Urge, por isso, que o cinema diga “sim” à droga.
LFB (publicado no MEIA-HORA de 6ª, dia 11 de Março)
Contudo, não sei se é dos energúmenos que pululam muitas salas – tornando a experiência de ir ao cinema tão agradável como uma consulta no dentista; se do (tão batido) cinzentismo dos executivos dos grandes estúdios; se de uma crise de identidade; a verdade é que a TV está a protagonizar um comeback capaz de fazer corar o John Travolta. O cinema deve, por isso, ou deveria, estar muito assustado outra vez.
Shawn Ryan, Carlton Cuse, Damon Lindeloff, James Murphy, Doug Ellin, David Chase, Aaron Sorkin, David Mamet, Denis Leary, Robert Cochran e companhia. Armados de canetas, computadores e o bendito DVD. Com o advento destes argumentistas geniais finalmente pode dizer-se que “the revolution will be televised”. E, graças ao último, sem infinitos anúncios pelo meio.
Já não troco uma maratona de “Entourage” pela estreia do último Gus Van Sant. E mesmo Tim Burton, Spielberg ou P.T. Anderson têm de se esforçar contra pacotes por abrir de “The Shield”, “24” ou “Rescue Me”. A ficção de qualidade é um vício. Urge, por isso, que o cinema diga “sim” à droga.
LFB (publicado no MEIA-HORA de 6ª, dia 11 de Março)
Comentários
Ele é remakes, prequelas, sequelas, casos reais, jogos videos, livros, BD, inclusivé simples canções, etc. Apenas formulas provadas e testadas.
O que me deixa triste nisto tudo, é que nos dias de hoje seria impossível para Copolla filmar um Apocalipse Now ou para Cimino filmar As portas do Céu.
No meio disto tudo temos então a qualidade das séries americanas a tentar recriar a pujança de outrora, com um formato necessáriamente mais leve, e rápido mas de qualidade cada vez mais aceitável.