a morte no cinema
Sexta-feira à noite e sou a única pessoa na sala para ver "A Most Wanted Man", terceiro e melhor filme de Anton Corbijn.
De certa forma, talvez seja, na verdade, o primeiro filme-filme de Corbijn, liberto da obediência à fotografia. Mas, como "A Most Wanted Man" ficará para a História, será como o derradeiro filme de Philip Seymour Hoffman (vamos dizer que, para esta contabilidade, não conta o novo volume do franchise "Hunger Games", de momento em pós-produção e posto a render em duas subpartes - moda recente, irritante como todas as modas). "A Most Wanted…" merece ser visto por isto e para além disto - mas não é por acaso que Hoffman era das poucas estrelas com a independência para protagonizar filmes como este, um sóbrio e belo spy game tão adulto e pouco simpático para com norte-americanos e europeus, mesmo não questionando a boa vontade com que se possam lançar às acções a que se lançam.
E, porém, do que queria mesmo falar era do plano final. Hoffman, depois de gritar "Fuuuuuck!!! Fuuuuuuuck" pela rua (os olhares piedosos, desamparados, impotentes em volta, um sino tocando ao longe), para depois abandonar o carro, cruzar o vidro e desaparecer além da tela.
E um tipo sozinho na sala, matutando, enquanto rolam os créditos finais, em como se morre no cinema.
Alexandre Borges
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