Get The Gibson



Tal como assistir a um torneio de Golf, beber um Brandy ou até mesmo comer uma cabeça de Garoupa cozida e um prato de azeitonas, também apreciar devidamente a uma interpretação de Mel Gibson foi um prazer que fui adquirindo com o avançar da idade.

Confesso que nunca me deixei levar pela sua fase de "actor bonitinho", em que queria ser um durão mas estava sempre pronto para uma palermice ou para activar o charme fácil na primeira mulher que metesse conversa com ele. (mas parte desta minha opinião culpo por ter chegado aos Mad Max já tarde)

Sinto, no entanto, um fascínio inegável por este Gibson mais velho. Derradeiro herdeiro dos protagonistas do cinema noir (e num outro patamar, arrisco-me a dizer que é o mais parecido que temos hoje em dia com o Charles Bronson).

O homem maduro e algo amargo, de poucas palavras e sem nada a perder. Pronto para partir para a violência sem grandes remorsos, se com isso garantir que atinge os seus objectivos. (E sim, é fascinante toda a queda de Gibson enquanto Estrela de Hollywood, o modo como isso se reflecte nos seus desempenhos recentes, e até mesmo a sua persona de realizador: dos poucos com coragem de mostrar o lado mais violento do ser humano).



Por isto e tudo o mais, estou particularmente entusiasmado com o novo filme Get the Gringo, que tem estreia marcada para Portugal a 21 de Junho. (Filme que até recentemente tinha o nome bem mais interessante de How I Spent My Summer Vacation)

Basta observarmos o poster e conseguimos retirar quase tudo o que é preciso do filme: É Gibson com um ar lixado da vida e pistola na mão, quem quer que seja que se meteu com ele, vai-se arrepender e não é pouco!


Estamos em território clássico do Cinema Noir e do Gibson velho, o que nasce com Payback (a reinterpretação de Point Blank em que Mel é um digna incarnação do famoso anti-heroi "Parker" dos romances de Donald Westlake) e encontra o seu melhor momento em Edge of Darkness (um filme noir de vingança que merece ser revisto) e não é mera coincidência que o novo poster seja uma clara alusão a estas duas obras.

A isto acresce o pormenor da camisa vermelha, que evoca uma versão moderna dos pistoleiros solitários e irremediavelmente perdidos de Johnny Guitar. 


E simultaneamente a mudança de titulo, nada inocente, que nos transporta para outros filmes: o "Get" de Get Carter, de longe o Hitman mais duro e com mais coolness dos anos 70, e "The Gringo" numa alusão violenta ao pistoleiro sem nome dos Western Spaghettis de Leone ou mesmo os Mexican Spaghettis de Robert Rodriguez.

Talvez seja retirar demasiada informação de um simples poster, mas caraças que isto promete ser um filme de homens duros à moda antiga!

MS
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