um homem difícil


Vivemos num mundo cheio de mortos geniais. Os media, os notáveis, os blogues, apressam-se a tecer homenagens grandiloquentes aos que partem. Mas há poucas coisas tão deselegantes como mudar de opinião numa hora destas e de Werner Schroeter tenho de confessar que realizou o único filme de que alguma vez desisti numa sala de cinema. Foi “O Rei Das Rosas” e asseguraram-me, à época, não ter perdido nada ao dispensar aqueles quinze minutos finais. Mas isso nada diz acerca da qualidade de Schroeter como cineasta ou da falta dela; a única coisa que diz de certeza absoluta é que não fazia filmes para todos. Não era um contador de histórias, mas um artista plástico. Filmou durante quarenta anos sem cedências à facilidade, procurou o caminho mais longo, cruzou artes, buscou coisas intangíveis que descrevemos com as palavras fascínio, doença ou beleza, mas quis fazê-lo sem a ajuda das ditas palavras. E isso merece admiração. E merece, no mínimo, uma revisão a filmes como “Palermo Oder Wolfsburg” ou “Malina”.

AB

i, 2010.04.14

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