The New World - Mallick

O Novo Mundo é, antes de mais, Terrence Mallick. Quem quer que tenha inventado a parva expressão cinema de autor, acertou sem saber em Mallick. Não tanto pela censura que se lhe possa fazer - de que está sempre a realizar o mesmo filme - mas porque o que fica impresso na tela, entre os actores e ela é Mallick.

Isso ainda se nota na relação que estabelece com os actores - que outro realizador poderia fazer Colin Farrell não parecer mau? - mas nota-se, sobretudo na forma como vê e deixa ver o espaço e a comunicação desse espaço com as personagens. Não se trata apenas de um tema, é, também, um modo, uma técnica. E, talvez, seja, sobretudo mais modo e técnica do que tema, que em O Novo Mundo, não é só um mas vários: Deus, o Amor Puro, a Fragmentação do Amor e do Objecto Amado, o Choque Civilizacional como alegoria do choque entre o Eu e o Outro. São temas que servem e se servem a técnica e o modo de Mallick filósofo realizador que, como lembra, hoje, o Público, abandonou a meio uma tese sobre Heidegger por se ter zangado com o seu orientador de Oxford (o que não o impediu de ser professor de filosofia no MIT até se ter metido no cinema...).

O mote de O Novo Mundo, pois esse é o mote de Mallick, tem que ver com o não querer (apenas) contar uma história mas elaborar, com a desculpa de uma história, variações sobre temas abstractos, encarnando-os. E, filmando-os. Temas que Mallick persegue através do cinema. Está dado o mote.
DM

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