O Adeus a Uma Autora Romântica
"Nora was so funny and interesting that we didn’t notice that she was necessary. She is absolutely irreplaceable” — Mike Nichols sobre Nora Ephron
Numa revisão rápida da obra de Nora Ephron, constatamos que esta foi pautada pela irregularidade.
Tanto o seu trabalho de argumentista como o de realizadora, mostram-nos uma autora que nunca se afastou da sua zona de conforto: O universo romântico da comédia ligeira a que por vezes contrabalançava com um melodrama de cariz feminino. Sabíamos ao que íamos quando assistíamos um dos seus filmes, mas isso nem sempre significou a garantia de ir ver bom cinema.
Mas como todos os grandes autores irregulares, quando Ephron acertava, ela acertava em cheio.
Poucos cineastas entenderam tão bem as dinâmicas da relação homem/mulher e menos conseguiram transmiti-lo oferecendo a visão feminina (vale a pena rever o bastante esquecido A Difícil Arte de Amar).
Os seus bons argumentos que quase sempre piscavam o olho aos clássicos, como em Sintonia do Amor e Você Tem Uma Mensagem , contrabalançavam na perfeição o humor e o drama. Os diálogos que escrevia eram inteligentes e ritmados, as suas personagens tinham vida e mais importante: conseguiam ser reflexos contemporâneos das suas épocas e simultaneamente ter um apelo intemporal.
Tudo isto executado naquele a que o Mestre Lubitch apelidou como o mais complicado dos géneros: a Comédia Romântica. (aliás, arrisco-me a dizer que a par de Woody Allen, Ephron foi a maior influência dentro do género nos últimos 40 anos)
E quanto mais não seja, devemos-lhe o eterno agradecimento de com uma pequena cena e um enorme orgasmo falso ter reequilibrado a balança do cinema americano, e numa altura em que Hollywood parecia estar nas mãos dos grandes heróis musculados, foi de facto a sua escrita (e sim, uma irresistível Meg Ryan) quem devolveu aos ecrãs a importância dos papeis femininos.
Nora Ephron faleceu ontem aos 71 anos, para a historia ficam os seus quinze argumentos (o de Um Amor Inevitável, uma absoluta obra-prima), as suas oito longas-metragens e a certeza de que o seu cinema vai-nos fazer muito mais falta do que imaginamos.
MS
Tanto o seu trabalho de argumentista como o de realizadora, mostram-nos uma autora que nunca se afastou da sua zona de conforto: O universo romântico da comédia ligeira a que por vezes contrabalançava com um melodrama de cariz feminino. Sabíamos ao que íamos quando assistíamos um dos seus filmes, mas isso nem sempre significou a garantia de ir ver bom cinema.
Mas como todos os grandes autores irregulares, quando Ephron acertava, ela acertava em cheio.
Poucos cineastas entenderam tão bem as dinâmicas da relação homem/mulher e menos conseguiram transmiti-lo oferecendo a visão feminina (vale a pena rever o bastante esquecido A Difícil Arte de Amar).
Os seus bons argumentos que quase sempre piscavam o olho aos clássicos, como em Sintonia do Amor e Você Tem Uma Mensagem , contrabalançavam na perfeição o humor e o drama. Os diálogos que escrevia eram inteligentes e ritmados, as suas personagens tinham vida e mais importante: conseguiam ser reflexos contemporâneos das suas épocas e simultaneamente ter um apelo intemporal.
Tudo isto executado naquele a que o Mestre Lubitch apelidou como o mais complicado dos géneros: a Comédia Romântica. (aliás, arrisco-me a dizer que a par de Woody Allen, Ephron foi a maior influência dentro do género nos últimos 40 anos)
E quanto mais não seja, devemos-lhe o eterno agradecimento de com uma pequena cena e um enorme orgasmo falso ter reequilibrado a balança do cinema americano, e numa altura em que Hollywood parecia estar nas mãos dos grandes heróis musculados, foi de facto a sua escrita (e sim, uma irresistível Meg Ryan) quem devolveu aos ecrãs a importância dos papeis femininos.
Nora Ephron faleceu ontem aos 71 anos, para a historia ficam os seus quinze argumentos (o de Um Amor Inevitável, uma absoluta obra-prima), as suas oito longas-metragens e a certeza de que o seu cinema vai-nos fazer muito mais falta do que imaginamos.
MS
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