Uma Estrela de Cinema
O realizador queria-a no filme, os produtores eram contra.
Que era muito jovem para o papel, que era inexperiente e uma completa desconhecida, que o seu nome não iria trazer ninguém às salas Europeias nem abriria o mercado Americano, que isto e que aquilo...
O realizador lutou contra os argumentos dos produtores.
- Mas a camera adora-a...- disse, -Ela tem... os olhos de uma Garbo, o IT ! Vai ser uma estrela de cinema!-
Fez-se um breve silêncio, olharam para a fotografia da actriz, em cima da mesa no meio de uma outra mão cheia de propostas e por fim um dos produtores replicou
- Eu não o vejo...
As reuniões prosseguiram. Não era para menos, tratava-se do projecto com maior orçamento da história do cinema português, uma mini-serie que seria também um filme. Uma mega co-produção Europeia como não se via em muitos anos.
O realizador vinha de um êxito de bilheteira, nos seus filmes anteriores tinha sempre descoberto novos actores e nunca se enganara em relação aos seus instintos. Mas por fim, com os prazos a apertar, lá se resignou que talvez uma actriz que ainda não completara os trinta anos e que aparentava ter pouco mais de vinte, mesmo com todo o talento e o IT, podia não ter o perfil ideal mulher para representar uma aristocrata perto de meia idade, uma mulher madura que se desgraça ao apaixonar-se perdidamente por um jovem oficial de cavalaria.
Aqui Del Rey seguiu as gravações com Ludmila Mikaël, uma das primeiras sugestões da produção, e António-Pedro Vasconcelos suspeitou sempre que devia ter seguido com o seu primeiro instinto.
Já Kristin Scott Thomas voltou aos castings. Nesse mesmo ano trabalhou com Polanski em Lua de Mel, Lua de Fel (1992) e dois anos mais tarde surgiria o papel de Quatro Casamentos e um Funeral (1994), que a lançava para a fama internacional.
Faz hoje 52 anos, teria a idade perfeita para o papel de Mariana em Aqui Del Rey, e continua uma estrela de cinema tão radiante como em 1991.
O realizador tinha razão.
MS
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