Política do Espírito (II)

No dia 26 de Janeiro de 2005 a alta cultura serviu-se da baixa cultura como se fosse uma criada de servir chegada ontem das berças. No dia em que a pornografia se transformar em rato de laboratório cheio de eléctrodos para a alta cultura melhor observar e dissecar estará morta e - só então - cheirará mal. Na Cinemateca, estamos todos de bata branca, estetoscópio, luvas e pinças. Entre nós e o filme (entre nós e nós, portanto) uma espessa redoma de vidro. A empáfia e o carácter reflexivo, naquela circunstância, não ajudam. É um embuste a ideia de que somos tão tão progressistas que até mostramos o «Garganta Funda» na Cinemateca. Progressista, progressista era levar o Bénard ao Paraíso. Deixem-nos lá ver o «Ordet» na Cinemateca e ir depois ver o «Garganta Funda» ao Cinema Paraíso, que assim é que está bem. Até porque o serviço de limpeza do Paraíso é muito melhor que o da Cinemateca.

RB

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