Capacete Dourado



A 1 mês e 10 dias da estreia de Capacete Dourado, a 1ª longa metragem de Jorge Cramez, que tive a oportunidade de conhecer quando o noite americana acompanhou este ano a cerimónia dos Óscares em directo no Rádio Clube Português, não me contenho mais e vou escrever um pouco sobre ele.

Faço-o com grande contentamento por várias razões:

Em primeiro lugar porque apesar de amabilidade de Jorge Cramez, que no próprio dia em que me conheceu me convidou para um primeiro visionamento do filme, ainda não vi o filme: na altura, por infelicidade, não pude comparecer e isso permite-me agora escrever sobre o filme de uma perspectiva diferente daquela que, em breve, espero, poderei fazer. Mas esta perspectiva antecipatória não tem menos valor. Acho e continuo a achar que se pode escrever sobre cinema e sobre filmes mesmo antes de os ver. A experiência cinematográfica, tal como perdura para além do filme, inicia-se antes do visionamento.

Em segundo lugar é a primeira vez que vou escrever sobre um filme em que entra Ana Moreira sem lhe dar a primazia do meu destaque. Desta vez o destaque é para Eduardo "a star is born" Frazão, meu colega de Liceu. Dirão: se ainda não viste o filme, como sabes que nasceu uma estrela? respondo: há as fontes seguras, as fotos, as conversas, a intuição. Não é só wishful thinking como poderiam estar a pensar. Será amiguismo. Hardly: em Setembro cá estaremos todos para apreciar e opinar.

Em terceiro lugar não há terceiro lugar: há que falar deste filme de Cramez antes de ele ser experiência enquanto é sinopse, intenção, promessa e antecipação.

Não estou à espera de uma epifania que encontre o sucessor indiscutível de Bergman e Antonioni, não ando à cata de loucuras (embora me demore na sua apreciação quando as encontro). Mas há vários elementos em Capacete Dourado que me interessam e, dependendo da mão realizadora, poderão ou não ser teia e trama de bom filme.

Uma história verídica por inspiração. É sensato caminho. Como se sabe a realidade supera quase sempre a ficção, pelo que é boa partida andar com a realidade à ilharga quando se anda no mester da ficção. A história de Cramez foi encontrar no Portugal profunda uma oportunidade de romeoejulietizar o cinema. Coisa bem precisa nos dias que correm.

Para o par romântico um bad boy motard - Eduardo Frazão - e uma menina de boas famílias - Ana Moreira. Se esta última, mesmo jovem já vai sendo veterana do cinema português (bastariam os Mutantes e Transe para lhe dar várias comissões de serviço), Eduardo Frazão é um quase estreante, tendo aqui o seu primeiro papel protagonista. Uma química a confirmar.

A escolha do Portugal profundo também me interessa muito. Não que ele seja maltratado. Não é. Há muito cinema português fora das grandes metrópoles. Dir-se-ia mesmo que a coisa mais descentralizada em Portugal é o cinema. Mas não deixa de me interessar a forma como se vai tratar o país profundo sempre tão sujeito a clichés e armadilhas.

Há aqui uma hipótese de ir a um lugar ideal e romântico, a verde juventude, tratar dos temas que mais iludem o ser humanos desde o início dos tempos: o amor e a morte.

O peso é grande, a promessa também. Lidar com isso é o que veremos como em Setembro.
DM

Comentários

Menina Limão disse…
agora estou eu muito curiosa.

limão, ou a viciada em April March. ;)
Menina Limão disse…
a despropósito...e a set list?

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