Academy Award for a Performance by a Daniel Day-Lewis in leading role


Ainda não vi, mas já ganhou. Aliás, sejamos sérios: só pode ser piada dar-se o caso de haver um filme chamado Lincoln, sobre o 16° Presidente dos Estados Unidos (para quase todos o melhor e mais amado Presidente), realizado por Steven Spielberg, para o qual chamam para protagonista Daniel Day-Lewis. É injusto para com os restantes pobres diabos que almejem um Óscar.

A verdade é que, em 2007, quando Day-Lewis ganhou o seu segundo Óscar para melhor actor, com There will be blood, devia ter sido proposta a criação de uma categoria só para ele. É que Day-Lewis só compara com Day-Lewis. É bem verdade que há mais oito actores que também ganharam dois óscares (nunca ninguém ganhou três) e que quatro ainda estão vivos podendo repetir a proeza, mas, ainda assim, basta olhar para o percurso de Day-Lewis para perceber que isto é outra coisa, consistente.

Excluindo os papéis secundários (e com isto lá se vão My beautiful laundrette e A room with a view) olhemos para o que tem feito Day-Lewis. Primeiro papel como protagonista? (não contando telefilmes) The unbearable lightness of being. Até dói. Depois, dois filmes menos bons poderíamos dizer, mas nem por isso temos um mau Day-Lewis: dentro do género Stars and Bars e Eversmile, New Jersey conta com belíssimas interpretações.

Ao quarto papel principal (vindo de duas comédias), em 1989, o primeiro Óscar, com My Left Foot. Não há nada a acrescentar.

Desde então Day-Lewis nunca fez um filme mau, sofrível, mediano, bonzinho. Excepto, claro, o frete que fez à sua excelsa esposa com The Ballad of Jack and Rose (I mean no disrespect) e o Nine, para o qual não há explicação.

E destes sete filmes que ficam, entre 89 e 2012, quase todos são grande filmes, como In the name of the father, Gangs of New York ou o já referido There will be blood. Imagine-se agora o que é pôr este senhor a fazer de Lincoln e a seguir metê-lo a disputar Óscares com outros actores. É de uma violência atroz.

O que deve fazer-se é criar-se um índice de avaliação Day-Lewis para avaliar o próprio face a si mesmo. Sempre que fosse nomeado Day-Lewis concorreria numa categoria que poderíamos designar por Academy Award for a Performance by a Daniel Day-Lewis in leading role. Era melhor para todos.

DM


Comentários

Rafael Barbosa disse…
Cada vez se consolida mais como um dos meus actores de eleição. A sua representação no There Will Be Blood é uma das melhores que preenchem a história da sétima arte. Bem como o seu papel no Gangs of New York. Em Lincoln comprova mais uma vez que é digno de todo e qualquer prémio, ainda que numa performance mais calma, bastante fiel ao presidente. É claramente o melhor por entre os cinco nomeados, com Joaquin Phoenix num bom esforço para o alcançar.
Fiquei bastante satisfeito por encontrar este blogue. Desconhecia por completo a sua existência até hoje. Que o bom trabalho continue :)

Cumprimentos,
Rafael Santos
Memento Mori
noite americana disse…
Obrigado Rafael,

A porta do Noite está sempre aberta para quem gosta de cinema, e agora que descobrimos o Memento Mori também vamos passar a ser seguidores!

um abraço,
NA

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