Breves notas sobre a Mulher Sem Cabeça

1. Nos últimos anos tenho visto algum cinema argentino, quase sempre bom. A Mulher sem cabeça confirma esta toada.

2. Ver no início, a referência a El Deseo, a produtora dos irmãos Almodóvar, ajuda.

3. Creio que o melhor do filme, para além da experiência de um mundo que, apesar de tudo, nos é distante (a nós europeus, e mesmo se a Argentina tem muito do velho continente), é a demora do tempo sobre a personagem principal, Vero (de Verónica).

4. Há uma preocupação em estar de fora sentindo como se estivesse dentro, o que é passível de provocar um conjunto de sobressaltos emocionais ao espectador, reflexos da própria emocionalidade contida, mas adivinhada, da personagem principal. Ao pé dela, todas as outras são, não apenas personagens secundárias, mas vazias.

5. Sobretudo é um filme que sendo retrato social, retrato psicológico não se preocupa em sê-lo, não faz disso um fim ou manifesto, mas consegue-o, na passada, enquanto busca ser sobretudo uma luta entre a ética, a tontura e a inevitabilidade de se estar só.

DM

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