campeonato da cultura - época 2007/2008

Os últimos 365 dias foram, para a cultura, os 365 dias de todos os funerais. Morreu Rorty, o grande filósofo americano. Morreu Pavarotti, grande tenor e italiano grande. Morreram os brasileiros Paulo Autran e Rubens de Falco. Morreu Norman Mailer.
E aqui manda o respeitinho que se mude de parágrafo.
Morreu Arthur C. Clarke. E Rauschenberg. E, no cinema, houve razia: do actor mais promissor – Heath Ledger – ao mais aposentado – Charlton Heston, passando, parando e demorando nos realizadores: Anthony Minghella, Bergman e Antonioni e, há coisa de dias, Sidney Pollack.
Morreu também Albert Hofmann, que não era artista, mas tomou parte activa em muita obra de arte quando criou o LSD.
Entre nós, morreram Luiz Pacheco e Eduardo Prado Coelho.
Péssimas notícias, portanto. Mas como, em cultura, muitas vezes só se é grande, lido, apreciado e consumido em larga escala quando se morre, então pode ser que todas estas orações fúnebres tenham feito qualquer coisa pela inteligência das massas.
Na ocidental praia lusitana, o grande acontecimento foi a troca de ministro. Não está em causa se Pinto Ribeiro já fez alguma coisa; está em causa que um relógio parado teria acertado mais que Isabel Pires de Lima. Abriu o Museu Berardo e o do Oriente, o Indy alicerçou-se ainda mais nos hábitos cinéfilos do País e os concertos e festivais de música são cada vez mais e melhores.
O grande capital chegou aos livros, entre Leya e Bertelsmann, o que ainda não é, por enquanto, nem boa nem má notícia.
Mas nem tudo foi negro. O mês passado, por exemplo, Phil Collins anunciou o fim da sua carreira. Não compensa, mas é um princípio.

AB
[Publicado no Meia Hora de 06.06.2008, edição comemorativa do 1º aniversário]

Comentários

Nostalgia disse…
Uma coisa Isabel Pires de Lima fez e bem...A resposta bem merecida aos senhores Benard da Costa e outro tal como Luis miguel Cintra, esses que ditam o canone português, ou seja lisboa a culta, uma vez que tudo o resto é paisagem ou usando as palavras de LMC uma cambada de provincianos para quem meia duzia de dvd's-zecos servem p ver uns filmes...

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