a outra noite mais longa do ano
Não sei se foi assim consigo. Em pequeno, consumia tudo o que a televisão vendesse como grande espectáculo: o Festival da Canção, a Eurovisão, a Miss Portugal, a Miss Mundo, a patinagem artística, os Óscares, os jogos do Benfica. E umas galas quaisquer do Mónaco, sempre com a família real e um namorado de Stéphanie atravancados num camarote e o Chris de Burgh a cantar.
Foi complicado, amigo leitor. Houve crianças maltratadas, adolescentes com conta aberta na Clearasil; eu levei com o Chris de Burgh e a Maria Guinot. Vidas.
Anos depois, que sobreviveu de tudo isto? Os jogos do Benfica (malgré tout) e os Óscares. Tudo o resto foi substituído pelo Mário Crespo. O jornal da noite, a meteorologia, as peúgas do Mário Crespo, quando apresenta o “60 Minutes”. Sempre é mais épico que o discurso da Miss Fotogenia ’87.
Fiquemos pelos Óscares. Suponho que estejamos de acordo. Você também continua a ver ou, então, lamenta não ver porque o dia seguinte é sempre segunda-feira. Esta é, creio, uma rara resiliência duma puerilidade que nos fica bem.
(Certo. Todos temos amigos que assinam os Cahiers du Cinéma e acham os Óscares uma fantochada, mas há quanto tempo não têm uma vida sexual?)
Este ano, já conhecemos os vencedores. Os irmãos Coen e o seu No Country For Old Men, Daniel Day-Lewis e o filme que carrega às costas, Marion-Cotillard-Edith-Piaf, Javier Bardem internacional, a stripper feita guionista Diablo Cody. Mas não era disso que queríamos falar. Os Óscares, tal como os amamos, madrugada fora, no sofá, com aperitivos e refrescos, não são cinema, são televisão. E, do ponto de vista televisivo, não importa como foram os filmes. Importa que haja grandes piadas, discursos arrepiantes, homenagens a gente bigger than life.
Os Óscares 2008 foram fracos. Não por causa dos filmes ou da justiça ou injustiça dos prémios, mas porque pouco ou nada rimos e nos arrepiámos. Vá que, domingo, há Sporting-Benfica.
[adenda: entretanto, já houve. Em matéria de arrepios, ficámo-nos por Camacho, que, pouco mais tarde, haveria de arrepiar caminho.]
AB
[Publicado no MEIA HORA de 29.02.08]
Foi complicado, amigo leitor. Houve crianças maltratadas, adolescentes com conta aberta na Clearasil; eu levei com o Chris de Burgh e a Maria Guinot. Vidas.
Anos depois, que sobreviveu de tudo isto? Os jogos do Benfica (malgré tout) e os Óscares. Tudo o resto foi substituído pelo Mário Crespo. O jornal da noite, a meteorologia, as peúgas do Mário Crespo, quando apresenta o “60 Minutes”. Sempre é mais épico que o discurso da Miss Fotogenia ’87.
Fiquemos pelos Óscares. Suponho que estejamos de acordo. Você também continua a ver ou, então, lamenta não ver porque o dia seguinte é sempre segunda-feira. Esta é, creio, uma rara resiliência duma puerilidade que nos fica bem.
(Certo. Todos temos amigos que assinam os Cahiers du Cinéma e acham os Óscares uma fantochada, mas há quanto tempo não têm uma vida sexual?)
Este ano, já conhecemos os vencedores. Os irmãos Coen e o seu No Country For Old Men, Daniel Day-Lewis e o filme que carrega às costas, Marion-Cotillard-Edith-Piaf, Javier Bardem internacional, a stripper feita guionista Diablo Cody. Mas não era disso que queríamos falar. Os Óscares, tal como os amamos, madrugada fora, no sofá, com aperitivos e refrescos, não são cinema, são televisão. E, do ponto de vista televisivo, não importa como foram os filmes. Importa que haja grandes piadas, discursos arrepiantes, homenagens a gente bigger than life.
Os Óscares 2008 foram fracos. Não por causa dos filmes ou da justiça ou injustiça dos prémios, mas porque pouco ou nada rimos e nos arrepiámos. Vá que, domingo, há Sporting-Benfica.
[adenda: entretanto, já houve. Em matéria de arrepios, ficámo-nos por Camacho, que, pouco mais tarde, haveria de arrepiar caminho.]
AB
[Publicado no MEIA HORA de 29.02.08]
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